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Saúde mental e bem-estar dos estudantes universitários: desafios e ações emergentes no ambiente acadêmico

13 de maio de 2025

Última atualização: 13 de maio de 2025

7 min

Saúde mental e bem-estar dos estudantes universitários: desafios e ações emergentes no ambiente acadêmico

Nos últimos anos, a saúde mental começou a participar com maior intensidade das discussões sobre a vivência universitária. Com o aumento expressivo de casos de ansiedade, depressão, síndrome de burnout e outros transtornos emocionais entre estudantes, instituições de ensino superior de todo o país vêm sendo desafiadas a repensar suas estruturas e políticas de apoio. Mais do que um problema individual, o adoecimento psíquico no ambiente acadêmico é, hoje, uma questão coletiva e institucional.

A pressão universitária e seus impactos emocionais

O ingresso na faculdade representa, para muitos jovens, uma transição marcada por grandes expectativas como crescimento pessoal, realização profissional e novas conexões sociais. No entanto, para grande parte dos estudantes, a vida universitária envolve uma soma de responsabilidades e pressões que afetam diretamente a saúde mental.

A necessidade de manter um bom desempenho, cumprir prazos, adaptar-se a novos ambientes e lidar com incertezas sobre o futuro profissional são apenas algumas das tensões enfrentadas diariamente. Também é muito comum que os alunos conciliem estudo e trabalho, o que, além de muito cansativo, pode desencadear sintomas de transtornos emocionais.

Estudos recentes, como o da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), revelam que mais de 80% dos estudantes universitários já vivenciaram algum nível de sofrimento psicológico durante o curso. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando sobre o impacto do estresse prolongado na juventude acadêmica em escala global.

Em um cenário assim, não é difícil compreender por que tantos estudantes se sentem sobrecarregados.

Estigma e silêncio

Apesar do crescimento nas discussões sobre saúde mental, o estigma em torno do assunto ainda é um obstáculo para muitos estudantes buscarem ajuda. Devido à falta de informação, vergonha, medo de julgamento ou mesmo para não parecerem incompetentes ou incapazes de lidar com a própria rotina, muitos acadêmicos preferem se manter calados a pedirem ajuda. Isso contribui para o silêncio em torno do sofrimento emocional, tornando mais difícil a identificação e o tratamento adequado desses casos.

Além disso, há um desconhecimento generalizado sobre os sinais do adoecimento psíquico. Cansaço excessivo, irritabilidade constante, sensação de vazio, insônia, falta de concentração e queda de rendimento acadêmico são frequentemente vistos como comportamentos "normais" ou “esperados” no ambiente universitário, quando, na verdade, podem indicar que algo mais sério está em curso.

A síndrome de burnout, por exemplo, apesar de ser comumente associada ao mundo corporativo, está cada vez mais presente entre universitários. E os sinais são alarmantes:

O que é o burnout acadêmico?

O burnout universitário é um tipo específico de esgotamento emocional relacionado à vida estudantil. É um estado crônico de estresse emocional e físico ligado a contextos de exigência constante, em que o estudante é submetido a uma rotina de alta cobrança, excesso de tarefas, falta de reconhecimento e pouca perspectiva de descanso. Diferente do cansaço comum após um dia puxado de estudos, o burnout é contínuo e afeta profundamente o bem-estar emocional, cognitivo e físico.

Seus principais sintomas incluem:

  • Fadiga extrema, mesmo após descanso;
  • Falta de motivação para estudar ou participar das aulas;
  • Sensação de fracasso e inutilidade;
  • Irritabilidade e alterações de humor;
  • Dificuldade de concentração e queda no desempenho acadêmico;
  • Distanciamento emocional dos estudos ou colegas.

Esses sinais muitas vezes são normalizados pelos próprios estudantes ou pela comunidade acadêmica, sob a ideia de que "a faculdade é difícil mesmo", o que atrasa a busca por ajuda e agrava o quadro.

O papel da sociedade na mudança

Romper esse ciclo exige mais do que ações pontuais: é preciso mudar a cultura em torno da saúde mental. Isso começa pela valorização do bem-estar como parte fundamental da experiência universitária. Incentivar a busca por ajuda, naturalizar o cuidado psicológico e promover ambientes mais acolhedores e menos competitivos são passos essenciais para essa transformação.

Campanhas de conscientização e espaços de escuta são iniciativas cada vez mais urgentes. O cuidado precisa ser coletivo, e não responsabilidade exclusiva do indivíduo em sofrimento.

Como enfrentar os transtornos na universidade

Mais do que um problema de saúde, o sofrimento emocional dos universitários é uma questão que afeta diretamente a permanência dos estudantes na universidade, contribuindo para a evasão, baixo rendimento e comprometimento da saúde mental a longo prazo.

Diante desse cenário, as faculdades e universidades têm um papel essencial, não apenas como espaços de formação intelectual, mas também como ambientes que promovem o desenvolvimento integral do indivíduo.

A Faculdade Serra Dourada, por exemplo, vem ampliando suas ações voltadas à promoção da saúde mental e bem-estar da comunidade acadêmica.

Para isso, reconhecer que o problema existe é o primeiro passo. Falar sobre saúde mental, romper o silêncio, pedir ajuda e acolher o outro devem ser atitudes constantes no cotidiano acadêmico. Afinal, nenhuma conquista vale o preço do próprio bem-estar.

A partir disso, instituições, professores, colegas e os próprios estudantes podem adotar estratégias mais saudáveis de convivência e enfrentamento. Algumas ações fundamentais incluem:

  • Atenção aos sinais: estudantes devem aprender a reconhecer os próprios limites e sintomas de esgotamento;
  • Rotina equilibrada: estabelecer pausas, lazer e momentos de descanso não é perda de tempo, é cuidado;
  • Buscar apoio psicológico: a procura por um profissional experiente na área é extremamente importante;
  • Redução da autocobrança: nem tudo precisa ser perfeito, a trajetória acadêmica é feita também de erros e aprendizados.

Recursos disponíveis além da universidade

Há também alternativas externas que podem oferecer acolhimento e orientação:

  • Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): atendimento gratuito pelo SUS para transtornos mentais moderados e graves;
  • CVV (Centro de Valorização da Vida): atendimento voluntário e sigiloso pelo número 188 ou pelo sitewww.cvv.org.br;
  • Plataformas e aplicativos de apoio psicológico: algumas ONGs e startups oferecem sessões gratuitas ou de baixo custo online;
  • Redes de apoio informais: amigos, familiares e colegas podem ser pontos de escuta e suporte emocional importantes.

Cuidar de si é parte da trajetória acadêmica

Buscar equilíbrio emocional durante a faculdade não é um luxo, é uma necessidade. Estar bem consigo mesmo influencia diretamente o desempenho acadêmico, a criatividade, as relações interpessoais e a capacidade de enfrentar desafios. Por isso, cuidar da saúde mental deve ser uma prioridade, e não um aspecto secundário da vida universitária.

Se você, estudante, está enfrentando dificuldades emocionais, saiba que você não está sozinho. Procure os canais de apoio da instituição, converse com pessoas de confiança e permita-se receber ajuda. Não há nada de errado em admitir que não está bem, o erro é acreditar que precisa enfrentar tudo sozinho.

Se você sente que está chegando ao limite, não hesite: procure apoio.



Giovanna Bruzzi
Giovanna Bruzzi

Serra Dourada